quinta-feira, 18 de setembro de 2008

MEU BAÚ SEM LIMITES




Ao pensar sobre a proposta de escrever um texto sobre meu passado relacionado com língua portuguesa refleti: ‘é, vou ter que revirar o meu baú de recordações’ algumas delas foram destruídas pela traças do tempo que as retiraram de minha memória, revirando este baú encontrei boas lembranças.

No início eu lia alguns livros, não por algum incentivo, mas eram ‘historinhas’ infantis interessantes, eu não pensava sobre como elas podiam influenciar minha forma de ver o mundo.Além dos livros literários eu lia os didáticos só por obrigação.

Lembro-me que em minha primeira escola não havia uma biblioteca (eu nem sabia o que era isso). Já na segunda havia uma que era usada por mim para fazer trabalhos escolares, lá eu lia alguns livros que foram de grande importância, a partir daí comecei a fazer algumas leituras, eu me interessava primeiramente pelas capas e quando gostava lia todo o livro. Na minha outra escola lembro-me de uma pequena biblioteca, quando ia fazer trabalhos eu lia alguns livros da literatura brasileira.

Lembro de todas as professoras, mas não de suas aulas de Língua portuguesa, talvez porque naquele tempo não eram importantes pra mim. Apenas duas fizeram a diferença, uma era apaixonada pela língua e eu tinha uma boa relação com ela, posso me lembrar até de bons textos lidos em sala, um que me encantou foi Meus oito anos, um poema de Casimiro de Abreu.

Uma das professoras que mais me recordo é a que tive aulas de Língua portuguesa na primeira vez que cursei o primeiro ano do Ensino Médio, neste ano eu tinha uma boa relação com Língua portuguesa, a turma fazia uma redação semanal, éramos avaliados e corrigidos. Uma das minhas maiores lembranças deste ano foi um grande trabalho que fiz sobre as escolas literárias, o tema do meu grupo foi o barroco, até hoje me agrada ler e ver imagens barrocas.

Do início do ano atual me lembro principalmente da ênfase dada á importância da Língua portuguesa pelo meu professor (pela primeira vez homem). A primeira proposta de leitura de um livro gerou uma grande polêmica na escola, pois era considerado forte demais para a faixa ataria dos alunos.

Como a maioria dos alunos eu resolvi que não leria aquele livro e esta era minha decisão final, mas como dizia Einstein: “tudo é muito relativo”, com o tempo e com a grandíssima insistência do professor resolvi que seria melhor lê-lo, o livro era Manual prático do ódio de Ferrez, quando comecei a ler não queria mais parar, fiquei encantada com o livro.

Durante esta grande revirada em meu baú de lembranças de passado encontrei algumas coisas perdidas que, como aqueles velhos brinquedos de infância, fazem parte de minha história. Vi que minha vida com a Língua portuguesa não foi tão ruim assim apesar da precariedade dos primeiros anos. Agora eu continuarei enchendo este baú sem limites, enchendo - o com mais livros e outras leitura, é claro.





MANHÃS DE SETEMBRO

Fui eu que se fechou no muro e se guardou lá fora

Fui eu que num esforço se guardou na indiferença.

Fui eu que em numa tarde se fez tarde de tristezas.

Fui eu que consegui ficar e ir embora.

E fui esquecida.

Fui eu.

Fui eu que em noite fria se sentia bem.

E na solidão sem ter ninguém fui eu.

Fui eu que em primavera só não viu as flores.

E o sol.

Nas manhãs de setembro.

Eu quero sair.

Eu quero falar.

Eu quero ensinar o vizinho a cantar.

Eu quero saireu quero falar.

Eu quero ensinar o vizinho a cantar.

Nas manhãs de setembro(bis2).

Nas manhãs...