sexta-feira, 20 de junho de 2008

A liberdade do racismo


__ Bom dia vô Arlindo! Como passou a semana?
__Bem minha netinha. Como está sua mãe?
__Está bem.

Depois de um tempo disse a ele que aquele dia era dedicado à memória do povo negro. Ele ficou feliz ao saber que eu entendia o significado de um dia tão especial.

__Sabe vô, em nossos dias não há respeito pelos negros, às pessoas com pele diferente, não são valorizadas por sua cultura.

__Meu pai me contou várias histórias do tempo de escravidão, ele dizia que os negros eram agredidos tanto fisicamente quanto moralmente, mas que mesmo assim eles não deixaram de lutar pela sua real liberdade.

Meu avô sempre me contava uma história quando eu o visitava, hoje era o dia de eu lhe contar uma história.

__Meu avô, às vezes eu penso sobre algo que aconteceu comigo. Lembra daquela loja na avenida principal, aquela enorme?
__ Sei, que está sempre cheia de pessoas bem arrumadas?


__Sim. Certo dia fui até lá, apenas para passar o tempo, fui ver as vitrines. Eu estava parada olhando as roupas, daí percebi que as pessoas murmuravam e olhavam para mim, como se eu fosse assaltar a loja a qualquer instante ou seqüestrar alguém. Já se sentiu assim?

__Com certeza, e não foram poucas vezes.
__Eu resolvi que não sairia dali até que me viesse a vontade, apesar de sofrer com os olhares das madames, ao contrário de muitas pessoas, eu gosto de incomodar os outros nestas situações, afinal nós somos a maioria, e também porque gosto de impor respeito para comigo .

Neste momento meu avô viu que suas histórias sobre as situações de discriminação racial haviam me dado uma concepção sobre nossa cor. Nessa parte meu avô, grande leitor de Abdias do Nascimento me disse simplesmente:
“As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade”.
Chegou o dia 13 de maio. Resolvi que iria até a chácara do meu avô para visitá-lo, pois naquela manhã estava pensando na história do nosso povo.

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